Em um rio muito belo, um homem caminha pela sua margem como que procurasse algo em suas águas, mas não encontra. Mesmo que a beleza das sereias tente confundir a sua visão masculina com sua esbelta beleza, o homem se atém somente ao rio e caminha...
O rio, simples, belo, grande cabedal de força e renovação, dá curso ás suas águas como se desse caminho a um filho. Sobe, desce, desvia de obstáculos, entra em estresse nas corredeiras, ganha velocidade, torna-se feroz, se joga e se acalma. Magnitude plena! O homem olha sem pestanejar e desguarnecer sua atenção, como se esperasse uma visão, humilde, mas valente homem, coitado, se deixa levar pela hipnose encantante das águas do rio e se joga, também.
Ao recobrar-se se espanta ao reconhecer que no fundo do vigoroso rio, resplandece vida, como em um amanhecer. Não só compreende que sua vida fazia sentido naquele momento, como também percebia a vivência de dois mundos. Pobre homem, incapaz de retornar novamente a sua razão torna-se um fiel escravo das águas do rio. Também pudera! Com tanta beleza assim e majestade, só poderia estar mesmo apaixonado e como tal entregar-se de corpo e alma, seria apenas um fiel e cortês dever.
Amor que corre como água viva, atenção que recobra experiência e vigilância, força como a correnteza, calma como paira em um filete de água de um rio. Belezas constantes, que despercebidas, passam por nossos olhos, se vão e não voltam mais, assim como a água corrente.

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